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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

FINANÇAS: Primeiras lições para seus filhos

FINANÇAS É COISA SÉRIA!




Aprender a administrar o orçamento pessoal é um desafio que muitos
adultos não conseguem encarar com sucesso, pois, além de responsa
-bilidade e determinação, exige treino, por mais banal que uma conta
-bilidade doméstica possa parecer. Que tal ensinar a seus filhos como 
lidar com o dinheiro desde os primeiros anos da infância? É claro que 
não se trata de dar aulas sobre os rudimentos da matemática financei
-ra aos 2 anos de idade. Mas, bem cedo, os pais já devem começar a 
introduzir na vida dos filhos alguns conceitos relacionados ao valor e 
ao uso de cédulas e moedas, bem como à importância de poupar para
o futuro. É um tema cujo interesse vem crescendo no ensino fundamen
-tal dos Estados Unidos e dos países da Europa, - na Inglaterra -, virou
até matéria obrigatória em muitas escolas. No Brasil, a educação finan-
-ceira apenas engatinha, e a experiência já colhe bons resultados. A pri-
-meira iniciativa partiu da cientista política e consultora Cássia D'Aquino,
de São Paulo. Em 1996, ela criou um programa de ensino destinado a 
crianças de 2 a 14 anos, que já foi adotado por diversas escolas de São
Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul e Curitiba. 
O objetivo é mostrar à garotada como ganhar, usar e economizar dinheiro,
assim como a ética envolvida nesses processos.
Os alunos da Escola Pacaembu, de São Paulo, pioneira na implantação do 
projeto, familiarizam-se com noções de preço e poupança. "Propomos ativi-
-dades práticas em sala de aula e em situações do dia-a-dia, como um pas-
-seio ao teatro ou compras no supermercado", explica a professora Maria 
Cristina Sauberlich de Pádua. No Instituto GayLussac, de Niterói, no Rio 
de Janeiro, há exercícios como simular uma situação em que o aluno exerce
determinada profissão e deve apresentar uma planilha de gastos de seu salá-
rio todo mês. Outra experiência, de grande atualidade depois do apagão, é 
calcular com detalhes os custos de energia elétrica de uma família. Segundo
o diretor pedagógico Roberto dos Santos Almeida, os pais costumam elogiar 
o programa ao perceber mudanças de hábitos em seus filhos. "Quando têm 
noção da dificuldade de ganhar, os meninos dão mais valor ao dinheiro", diz
Almeida. Mesmo sem a matéria no currículo, os pais podem desde já iniciar 
os pequenos no bê–bá financeiro com conceitos bem simples. "O primeiro 
passo é ensiná-los a distinguir aquilo de que precisamos daquilo que simples-
-mente queremos", explica a consultora Cássia D'Aquino. "Quem não souber 
isso dançou. É o caso das pessoas que compram um carro importado antes 
da casa própria. "Uma boa maneira de fazer com que seu filho entenda essa
diferença é enfatizar o significado dessas palavrinhas em situações cotidianas, 
como dizer que ele precisa tomar banho ou deixá-lo responsável por checar 
quais produtos estão faltando em casa e, por isso, precisam ser comprados. 
Também é fundamental fazer com que a criança associe poupança a cuidado 
e entenda que se trata de desistir de algo no presente para conseguir um be-
-nefício futuro. "Quem compreender isso de verdade não terá problemas com 
cheque especial nem com cartão de crédito mais adiante", diz Cássia. 
Repetir-lhe idéias simples, como poupar o brinquedo para quando quiser usá-lo 
novamente, ou poupar um pedaço do lanche para quando tiver fome, pode 
ajudar bastante. Dessa maneira, quando começar a ganhar mesada, fica mais 
fácil convencê-la da importância de guardar uma parte.
A mesada é uma das principais fontes de dúvidas e equívocos dos pais. "Como eles têm muito prazer em satisfazer os desejos dos filhos, acabam errando demais. Mesmo que se trate de uma família de alta renda, não é aconselhável encher o filho de dinheiro", adverte o psiquiatra Içami Tiba, de São Paulo, especialista em crianças e adolescentes. Uma pesquisa realizada no ano passado pelo Cartoon Network, canal de TV a cabo dirigido ao público infantil, com 1 000 crianças de 6 a 11 anos de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, mostrou que 40% delas recebem alguma quantia semanal ou mensal dos pais. Há regras úteis para encontrar o equilíbrio entre ser mão-aberta e pão-duro na hora de estipular o valor (veja quadro). Apesar das divergências quanto à idade certa para iniciá-la e a quantia ideal,
os especialistas concordam que se trata da principal ferramenta de educação financeira e, como tal, nunca deve ser vinculada à realização de serviços domésticos, bom comportamento ou desempenho escolar.
"O objetivo é exclusivamente educativo, por isso os pais também não devem agir como caixa de banco, adiantando o dinheiro antes da hora combinada, o que esvazia completamente a função de ensinar a viver dentro de um teto salarial", adverte a educadora Tania Zagury, do Rio de Janeiro, autora de Limites sem Trauma. Ela ensina que uma boa maneira para evitar a "falência" dos filhos é não lhes impor objetivos muito amplos para a mesada no início do processo, aumentando as responsabilidades no uso do dinheiro à medida que a criança for se saindo bem. Também faz parte da educação financeira a dissociação entre dinheiro e afeto, o que significa muita cautela na hora de dar presentes. A recomendação dos especialistas é reservá-los somente para datas comemorativas, como aniversário ou Natal, por mais bem-sucedida que a criança seja na escola ou na atividade esportiva. Prefira outras maneiras de mostrar-lhe reconhecimento, como um passeio em família ou mesmo um abraço e palavras de elogio. É importante que a
garotada aprenda a esperar pela realização de um desejo, mesmo que 
se trate de algo barato. "Se uma criança é acostumada a conseguir tudo
que quer imediatamente, vai se transformar em um adulto sem limites, 
daqueles que esbanjam mesmo sem ter dinheiro para pagar um bom 
plano de previdência privada", avalia o planejador de finanças pessoais 
Louis Frankenberg, de São Paulo. Ele é contra qualquer tipo de sacrifício 
dos pais para satisfazer os caprichos materiais dos filhos. Isso inclui o tão
esperado carro aos 18 anos. "Quem não faz nenhum tipo de esforço nunca
aprende a como chegar lá", explica o especialista.

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